Afinal, quem era João Alfredo?

Pessoas do passado um pouco distante, sabe muito bem quem era João Alfredo. Conhecem mais pelos causos, histórias verdadeiras e outras fantasiosas, como também a geração de hoje conhece suas estórias através dos mais idosos ou parentes.

Seu nome verdadeiro era João Alfredo Vicente, nasceu no município de Areial, Sítio Arara, em 12 de novembro de l916. Era filho de Maria Filirmina da Conceição. Seus pais faleceram muito cedo e deixou seu João, um irmão de nome Adauto e outro que foi embora e nunca mais se teve noticia (deve ter sido criado por outra família).

Seu João e seu irmão, muito jovens, tiveram que procurar destino e como ele era de conversar bastante sempre conseguia uma boa amizade e por isso sempre arrumava um serviço. Trabalhou em Pocinhos, Soledade, Olivedos, Cubati e até em Patos. Ele só gostava de andar por essa região, ou seja, pras bandas do cariri e sertão, nunca aqui na região de Esperança, Remígio ou Areia setores do brejo.

Conheceu tia Maria (era irmã de meu pai Antônio Apolinário) na década de trinta e casou-se na década de quarenta em Pocinhos. Começaram a vender umas bananas aqui, outras ali, macaíbas, cachaça, bolos e doces (feitos por tia Maria).
Estabeleceram-se no centro da cidade, ou seja, onde hoje fica a loja de móveis, vizinho a Manuel Preá. Tornou-se um pequeno comerciante, que dava para o sustento da família. E no meio desse comércio sempre estava contando suas anedotas, suas fantasias imaginárias e alegrando a rapaziada.

Na sua mercearia ainda conheci os refrigerantes Grapete e CRUSH, os sequilhos e bolinhos de goma, os cocorotes, língua de sogra e outras guloseimas deliciosas. Sempre estava de bom humor com aquele pé de burro (cigarro de fumo de rolo) na boca.

Nos finais de ano, depois de “Noite de ano”, era tradicional, era obrigatório todos aqueles conhecidos de seu João e até gente de fora da cidade, passar na mercearia para tirar a ressaca da festa (na cidade era o único que saturava os bêbados, pois nos outros estabelecimentos era raridade estar aberto).
Como todo mundo sabe era aquela risadeira total, aquela alegria geral com seu João também envolvido naquela algazarra e já tomado vários goles de cachaça.

João Alfredo mesmo sem ter aprendido ler e escrever, mas era muito inteligente, autodidata. Era criativo nas suas narrações, era um verdadeiro ator (contava suas estórias gesticulando e fazendo o seu cenário) isso sem nunca ter visto e conhecido peças de teatro.

Ele já fazia tudo isso por natureza, era um verdadeiro humorista nato (eu creio se seu João tivesse estudado e morado noutros centros, com certeza seria um ator de cinema ou de novela do rádio ). Era a nossa alegria, a minha alegria a sua alegria, alegria de todos aqueles que mesmo tristes ao ouvir suas estórias, já era um doutor de terapia para nossas mentes. Você saia aliviado de uma magoa ou raiva de alguém, um homem que nunca teve maldade, malícia, só simplicidade, por isso, talvez esteja sempre alegrando o povo lá de cima.

Teve dois filhos, Ery (já falecido) e Erivanda. Alcançou, ainda vivo, cinco netos. Sua esposa era filha de Apolinário Salustiano Gonçalves e Joana Maria da Conceição (pais de Antonio Apolinário, meu pai ). Passou o tempo e tia Maria adoece e como Erivanda já casada e não podendo morar com eles (Ery também já havia saído de casa e morava em Campina Grande), vende tudo que tem aqui e leva os pais para Esperança para poder cuidar melhor do casal.

Em pouco tempo seu João também adoece de uma perna (é como que lhe tirou do habitat onde viveu). João faleceu no dia 14 de maio de 1997 em Esperança e foi sepultado no cemitério nossa Senhora do Bom Conselho, em esperança, aos 80 anos e seis meses.

Sua esposa Maria Apolinário Vicente nasceu no dia 05 de novembro de 1916, teve dez (10) irmãos (Tio Manuel o mais velho, João, José, Antônio (meu pai) Severina, Regina, Sebastiana, Maria, Celina e Rita). Faleceu em 20 de maio de 2003, em Esperança, e foi sepultada no Cemitério Nossa Senhora do Bom Conselho, também em Esperança, aos 87 anos e seis meses.
Trecho extraído do livro “Causos e estórias vividas pelo povo dessa terra Areial” a ser publicado.

Por: Eudes Donato
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